quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Meu eu passado, meu eu presente

"Ela era uma criança normal. Eu acho. Não sei, receio não ter um vasto conhecimento sobre crianças, e também não conheço muitas crianças com as quais eu poderia compará-la. O que posso dizer? Ela tinha cachinhos dourados. Olhos claros. Chorava como doida, e provavelmente aprendeu a suportar a dor do jeito que suporta quando ainda tinha essa idade. Criou inúmeros traumas; do chapéu favorito que o mar levou, do fogão que a mãe dizia que poderia explodir se ela brincasse, do cabelo que, por algum motivo (ou talvez fosse apenas seu azar) havia decidido nascer cacheado. Por outro lado, poderia ser considerada uma criança curiosa. Era apaixonada pelas 'tonas' (também conhecidas popularmente como azeitonas). Gostava de brincar com a avó de 'moça da pedra', brincadeira muito simples que consistia em começar a gritar com a avó por causa de uma pedra (imitando sua tia). Obviamente não havia maldade nenhuma, e as duas se divertiam reproduzindo uma situação real e hilária (pelo menos naquela idade ela considerava essa historia divertidíssima). Queria ser cantora, atriz, veterinária, guitarrista, bailarina, princesa, até que decidiu que seria nada mais, nada menos do que sereia. Simples, não? Ficava muito chateada que, nos filmes, as sereias sempre queriam ser humanas. E ela ali, morrendo de vontade de ser uma Ariel. Tinha um problema sério: era mandona ao extremo, e as coisas tinham que ser do seu jeito. Chorou muito no dia que bateu de cara no portão, e levou alguns pontos na testa (apesar de que, dessa cena, ela só lembra de correr em círculos, deslizar até o portão, e depois acordar no hospital chorando, esperneando, e sangrando). Tinha uma energia inesgotável, e adorava ler. Com 6 anos, teve vários namorados. Vááááários.

Ela é uma adolescente normal. Mentira. Bom, ela é tão normal quanto uma menina de 14 anos pode ser, tire suas próprias conclusões. Ainda tem o cabelo cacheado e os olhos claros. Infelizmente, ainda chora bastante (o problema deve ser que ela se deixa levar demais pelos sentimentos, perdendo um pouco da racionalidade). Algumas amigas acham que ela não sente dor, mas ela tem certeza de que a diferença é que ela sabe lidar como lidar com a dor física. Nunca a psicológica. Não tem muitos traumas, apesar de ainda pensar no chapéu perdido e só ter perdido o medo do fogão recentemente. Hoje, adora o cabelo cacheado (apesar de ser um porre na hora de acordar). Continua apaixonada por azeitonas (todos os tipos), e todas as comidas especiais. Falando em comida, ela adora. Experimenta todas: se não gostar, não gostou, o que fazer? Pelo menos provou. Não brinca mais da moça da pedra com a avó (que continua sendo chamada carinhosamente de vovó), e agora conversam sobre livros. Atualmente, não tem a menor idéia do que quer ser. Mas pretende decidir logo. Também quer estudar mais esse ano, e se dedicar mais ao que gosta (metas, prazos, objetivos, tudo isso). Mas ok, admite que ainda adoraria ser uma sereia. Daquelas lindas de morrer. Ainda tem a cicatriz na testa, que veio da batida no portão. Ainda ama ler, cada vez mais. Pelo menos agora, virou mulher de um homem só. Apaixonaaada..."

3 comentários:

  1. Ai, li o texto todo e amei! *-* Ficou lindo, haha. Parabéns.

    Nossa, você lê muito rápido! Cada vez que eu venho aqui tem um livro novo na listinha! :P Eu AMO ler, mas demoro taaanto...

    Bjs!

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  2. muuuito bom esse texto!
    parabéns pelo primeiro lugar no blogueando, foi merecido ;D

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  3. Oii, li seu texto e gostei muito! vou seguir você
    lê alguns meus e vê se axa legal *-*
    beijos

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