quinta-feira, 19 de maio de 2011

140 caracteres

Na internet, todo o tipo de comentário é feito. Muitas pessoas não pensam antes de se posicionar, principalmente por estarmos em um meio cheio de liberdade e sem muitas limitações aparentes. Isso rendeu, para mim, o comentário mais impressionante e triste que já ouvi sair das palavras de alguém.

O Twitter é um site que nos permite realizar postagens curtas, sobre basicamente qualquer coisa que desejarmos. Todo mundo conhece a regra: precisamos expressar o que pensamos em apenas 140 caracteres. Nunca fui muito adepta dessa ferramenta: é interessante para saber o que acontece no mundo com uma velocidade impressionante, mas para mim é dificil me expor em tão poucas palavras. Minhas opiniões tomariam muito mais espaço, e as coisas que podem ser ditas com poucas delas simplesmente não interessariam a ninguém. Mas ok, de vez em quando estou por lá.

Aí me deparei com uma postagem em minha timeline (um retweet, o que me deixa ainda mais surpresa: como DUAS pessoas no mundo podem afirmar uma coisa dessas e ainda achar normal?) que dizia: "Uso tanto o twitter que agora também penso em 140 caracteres". Com uma naturalidade impressionante, essa pessoa consegue afirmar que pensa em 140 caracteres e não vê nada de errado nisso. Mas tem alguma coisa muito errada. Não aprendemos com nossa família, com a escola, com livros, que precisamos ter nossa própria opinião? Precisamos pensar fora da caixinha, precisamos nos impor?

Acho que não preciso me extender muito em porque acho isso algo tão horrível. Já li essa frase a algum tempo e ainda não a esqueci. Sinceramente, duvido que isso venha acontecer em breve. Porque essa pessoa que só queria ser legal e falou que gosta taaaaanto do twitter que começou a PENSAR do jeito que fala lá...
Me fez ter vergonha dessa geração que acha que passar o dia colado no computador é ótimo, que acha que livros são inúteis, maçantes e ultrapassados. Eu pensei que a nossa juventude - a minha juventude - fosse mais do que isso. É triste saber que posso estar enganada.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Memórias

Sempre achei que a pior doença de todas é o Alzheimer. Claro, não conheço todas as doenças do mundo e também nunca passei por dores relacionadas a elas, então a mim só cabe imaginar o sofrimento pelo qual elas podem te fazer passar. Também nunca sofri de Alzheimer e nunca tive nenhum parente próximo que sofreu. Para ser bem sincera, não conheço ninguém que tenha tido esse mal.

Desde pequena eu acredito que tudo que temos são nossas lembranças. Tenho certeza que parece clichê, mas de que vale... bem, de que vale absolutamente todos os bens materiais e psicológicos que temos durante toda nossa vida se um dia tudo será esquecido? Por isso sempre tive medo de perder a memória. Perderia todas as minhas alegrias, minhas decepções, e minhas dores, que não foram menos importantes do que os momentos felizes.

Não sei como iria viver com a presença do Alzheimer em minha vida. Imagino se alguém muito próximo de mim sofresse desse problema; eu veria passo a passo a doença se desenvolver. Poderia ver de primeira mão como alguém não se lembra do dia em que estamos e, algum tempo depois, não lembra das pessoas com quem conviveu durante toda a vida. É uma doença triste, essa. Não há a dor física presente em milhares de doenças horríveis das quais ouvimos falar todos os dias, mas há a dor psicológica. É uma doença que não apenas machuca quem a vive, como também quem a presencia.

Algumas coisas são inevitáveis. O destino, ou seja lá o que for, coloca coisas em nossa frente, sejam elas boas ou ruins. Para o meu destino, só peço uma coisa: não leve minhas lembranças, pois elas são tudo que tenho.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Perspectiva

Passei as duas últimas semanas na praia. Em relação ao tempo, essas duas semanas não poderiam ter sido escolhidas de forma pior. Chuva incessante do primeiro ao último dia (que foi adiantado em 24h, pois ninguém aguentava mais o tempo). Esse tempo ocasionou um certo problema: a falta do que fazer. Ir a praia não era uma opção, nem ir ao centro, pois chovia demais até mesmo para isso. Ficar em casa se tornou a melhor ideia. Agora, casa alugada e pequena, com sofá desconfortável e em um numero proporcionalmente menor do que o número de habitantes da casa, só piorava a situação.

Decidi ler. Não foi uma decisão muito revolucionária, para ser bem sincera. Sempre vou munida de vários livros para a praia e leio todos antes de voltar. Mas acho que esses dias em que fiquei "incubada" em casa me trouxeram outra face da leitura que antes eu simplesmente não observava.

Li alguns livros realmente emocionantes. Deixavam a desejar um pouco na forma como eram escritos, apesar de seu autor ser bem conceituado. Mas ok, romances adolescentes deixaram de ser meus favoritos a alguns anos, e eu sabia que estaria me arriscando ao comprar um box com quatro livros do mesmo autor, especialmente sobre esse tema. Chorei lendo todos eles. Quem me conhece, sabe que eu sou a legítima torneirinha: choro excessivamente. Mas esses livros realmente me tocaram. Depois desses, li um romance policial muito bom, e finalmente me senti em casa novamente. E foi com esse livro que eu percebi qual a diferença que a leitura dá para minha vida.

Ao terminar de ler cada um deles, apliquei a mensagem deles ao momento que vivia, sem nem ao menos perceber. Isso me deu a oportunidade de observar meus problemas, ansiedades e todos os outros sentimentos de outra forma, pois não analisei-os da forma que costumo fazer. Não foi aplicando meus valores nem nada do tipo. Simplesmente apliquei algo que o livro em si passou para mim, e consegui uma nova perspectiva. Percebi estar errada em algumas situações e decidi ser mais flexível em outras.

Essa é a importância dos livros para mim. Sempre vai haver algo novo para observar.
Um livro novo sempre vai te dar uma nova perspectiva.