quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Meu eu passado, meu eu presente

"Ela era uma criança normal. Eu acho. Não sei, receio não ter um vasto conhecimento sobre crianças, e também não conheço muitas crianças com as quais eu poderia compará-la. O que posso dizer? Ela tinha cachinhos dourados. Olhos claros. Chorava como doida, e provavelmente aprendeu a suportar a dor do jeito que suporta quando ainda tinha essa idade. Criou inúmeros traumas; do chapéu favorito que o mar levou, do fogão que a mãe dizia que poderia explodir se ela brincasse, do cabelo que, por algum motivo (ou talvez fosse apenas seu azar) havia decidido nascer cacheado. Por outro lado, poderia ser considerada uma criança curiosa. Era apaixonada pelas 'tonas' (também conhecidas popularmente como azeitonas). Gostava de brincar com a avó de 'moça da pedra', brincadeira muito simples que consistia em começar a gritar com a avó por causa de uma pedra (imitando sua tia). Obviamente não havia maldade nenhuma, e as duas se divertiam reproduzindo uma situação real e hilária (pelo menos naquela idade ela considerava essa historia divertidíssima). Queria ser cantora, atriz, veterinária, guitarrista, bailarina, princesa, até que decidiu que seria nada mais, nada menos do que sereia. Simples, não? Ficava muito chateada que, nos filmes, as sereias sempre queriam ser humanas. E ela ali, morrendo de vontade de ser uma Ariel. Tinha um problema sério: era mandona ao extremo, e as coisas tinham que ser do seu jeito. Chorou muito no dia que bateu de cara no portão, e levou alguns pontos na testa (apesar de que, dessa cena, ela só lembra de correr em círculos, deslizar até o portão, e depois acordar no hospital chorando, esperneando, e sangrando). Tinha uma energia inesgotável, e adorava ler. Com 6 anos, teve vários namorados. Vááááários.

Ela é uma adolescente normal. Mentira. Bom, ela é tão normal quanto uma menina de 14 anos pode ser, tire suas próprias conclusões. Ainda tem o cabelo cacheado e os olhos claros. Infelizmente, ainda chora bastante (o problema deve ser que ela se deixa levar demais pelos sentimentos, perdendo um pouco da racionalidade). Algumas amigas acham que ela não sente dor, mas ela tem certeza de que a diferença é que ela sabe lidar como lidar com a dor física. Nunca a psicológica. Não tem muitos traumas, apesar de ainda pensar no chapéu perdido e só ter perdido o medo do fogão recentemente. Hoje, adora o cabelo cacheado (apesar de ser um porre na hora de acordar). Continua apaixonada por azeitonas (todos os tipos), e todas as comidas especiais. Falando em comida, ela adora. Experimenta todas: se não gostar, não gostou, o que fazer? Pelo menos provou. Não brinca mais da moça da pedra com a avó (que continua sendo chamada carinhosamente de vovó), e agora conversam sobre livros. Atualmente, não tem a menor idéia do que quer ser. Mas pretende decidir logo. Também quer estudar mais esse ano, e se dedicar mais ao que gosta (metas, prazos, objetivos, tudo isso). Mas ok, admite que ainda adoraria ser uma sereia. Daquelas lindas de morrer. Ainda tem a cicatriz na testa, que veio da batida no portão. Ainda ama ler, cada vez mais. Pelo menos agora, virou mulher de um homem só. Apaixonaaada..."

domingo, 24 de janeiro de 2010

Instintos.

Evolução.

A muitos anós atrás, nos comunicávamos de uma forma que hoje não compreendemos. Para nos alimentarmos, precisávamos fazer algo que hoje não sabemos mais como: caçar. Ninguém se preocupava com o cabelo que não estava brilhoso, com a unha cheia de cutículas e com as roupas modernas que não poderia comprar.

Sobrevivência. Algo que, a algum tempo atrás, lutavamos para ter. Para conquistar. Hoje, é difícil parar para pensar nisso. É dificil ver alguém lutando por sua sobrevivência, pois nós apenas... sobrevivemos. Com os avanços da medicina podemos diagnosticar nossas doenças e tratá-las de uma maneira simples, em sua maioria.

Evoluímos, com a certeza de que melhoramos. Afinal, evoluir não é isso? Crescer? Deixamos para trás nossos hábitos primitivos, que foram substituídos por atos mais racionais e não focados apenas em nossa sobrevivência. Porém, não foi tudo deixado para trás. Podemos agradecer aos nossos antecessores por ainda conservarmos esse instinto. Esse, que mal usamos. Esse, até considerado dispensável. Esse, que salvou inúmeras pessoas no Haiti. O instinto de sobrevivência.

Como pessoas podem ficar soterradas por mais de 10 dias e sobreviverem? É o instinto de sobrevivência. Se tivessemos olhos apenas para nosso eu evoluído, negando o passado, não teriamos esse instinto. Essa chance.

Ontem suspenderam as buscas por sobreviventes no Haiti. Anteontem, ainda haviam encontrado mais sobreviventes. E, com toda a certeza, ainda existem muitas pessoas soterradas, com nada além de seu instinto de sobrevivência, esperando para serem salvas. Esperando um socorro que não vai chegar.

Só podemos esperar que o instinto os salve. Apesar de tudo, é bom termos conservado alguns de nossos antigos costumes.

As características básicas do ser humano.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A folha

Quando é pra falar de sexualidade, sou uma pessoa irritada. Me irrito com o preconceito, me irrito com a opinião dos outros. Escuto muito falar: "hoje em dia temos mais opções em relação a nossa sexualidade". Como se nós fossemos "escolher" nossa sexualidade.

Para mim, escolher sua sexualidade seria a mesma coisa que preencher uma folha de papel com a pergunta: "O que você quer ser? De quem você quer gostar?". Aí, você pensa, levanta os prós e contras, e marca a sexualidade que você quer. Pronto, escolheu, tá feito. Ninguém escolhe sua sexualidade! Duvido que qualquer homem que se sinta atraido pelo mesmo sexo tenha algum dia pensado "Ok, quero gostar de homens". Você se sente atraído. Você não se sente atraído. Meu ponto é: isso vem de dentro.

Você aceita a homossexualidade?
Vou te deixar pensando um pouco. Pensou? E então, o que decidiu? Aceita? Não aceita? Não importa. Deixe sua opinião de lado por alguns momentos e pense sobre isso: sua aceitação não vai mudar nada. Não vai fazer ninguém "mudar" sua sexualidade. Nesse exato momento, um casal homossexual está terminando. Outro está começando. Você não muda nada disso. Guarde sua aceitação, ou falta dela, para você mesmo, e tente viver sem preconceito.

Talvez, nesse exato momento, você esteja aí, se questionando sobre sua sexualidade. Talvez você esteja lutando contra o preconceito. Talvez esteja vendo o Big Brother e rindo dos "boiolas". Talvez não se importe.

Eu só tenho um pedido: não preencha a folha em que você analisa e decide sua sexualidade. Você nao deve explicações. Não deve motivações. E o que você realmente é, bom, ninguém pode tirar isso de você.

Resenha Crítica: Precisamos Falar Sobre o Kevin



A primeira coisa que me chamou atenção nesse livro foi a capa. Sempre julguei livros por sua capa, e até agora essa tecnica tem dado certo. Comprei o livro, mesmo com a minha mãe apresentando uma relutância tão grande em relação a ele (não me pergunte o motivo, eu não saberia responder).

Escrito por Lionel Shriver, este foi seu primeiro romance. Foi rejeitado por inúmeras editoras antes de finalmente ser aceito, se tornando um best seller.

O livro é narrado pela mãe de Kevin, por meio de cartas a seu ex marido, Franklin. Intercala momentos do passado e do presente. Franklin queria ter um filho, e sua mulher não. Em um momento ela engravida, e já cultua um tipo de raiva por Kevin antes mesmo de seu nascimento. Ela não imaginava que, 16 anos depois, seu filho seria o autor de uma carnificina que matou colegas, professores e funcionários de seu colégio. Um livro que te faz pensar se a raiva de uma mãe pode tornar seu filho um psicopata.

Se eu tivesse que descrever o livro em uma palavra, seria "perturbante". Não é o livro certo para quem procura uma leitura simples e relaxante. Para mim, o maior problema do livro foi um pouco de falta de objetividade. É obvio que a autora teria que explicar bem a historia de Kevin, mas em muitos momentos o livro se tornou maçante. De uma hora para outra, se torna eletrizante, com um final surpreendente. É com absoluta certeza um livro muito bem escrito.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O direito exclusivo de errar

Errar é humano. É errando que se aprende, e todo mundo tem o direito de errar. É, infelizmente eu não penso assim.

Quer dizer, errar é fundamental. Eu acho que não seria nem metade do que sou se não tivesse tido a chance de aprender com meus próprios erros. Por exemplo: sabe quando tu vai fazer uma coisa, ou está fazendo uma coisa, e a tua mãe te olha com uma cara meio estranha, e depois faz um discurso gigante do qual você pode tirar lições e previnir seu próprio erro? Pois é, eu nunca liguei muito pra esses discursos. Pode parecer hipocrisia da minha parte, e geralmente, no fim eu erro (e feio). Mas tem o lado bom: eu estou aprendendo com meu próprio erro, e sabe o que? Se eu não fizesse do meu jeito ficaria pensando como teria sido se tivesse feito como eu queria.

Agora, pense em um grupo. Alguém desse grupo, vamos chamá-lo de F (fulano), tem que tomar uma decisão importante para o grupo inteiro. Ele tem duas opções, sendo que uma decisão seria melhor para ele, e a outra ajudaria a todos. O F faz uma escolha: decide se beneficiar, tendo a chance de ajudar ao grupo, mas apenas tendo a si mesmo em mente. Mas ele não escolheu a opção que beneficiaria diretamente o grupo inteiro. Ele errou. O erro que ele cometeu prejudicou a todos menos a ele mesmo. Quer saber? Ele era um líder. Líderes não podem se dar a chance de cometer esse tipo de erro pensando em si mesmos. Um presidente, um líder mundial, tem que pensar no grupo. E não pode se dar a chance de errar.

Talvez eu esteja sendo dura, e eu provavelmente estou. Gosto de ter meu direito de errar, do mesmo jeito que sei que os "líderes" também são humanos e erram. Mas sempre que alguém, com seu erro, pode influenciar outras pessoas, deve pensar um pouco.

Quando as consequencias do seu erro não se limitam a você, pense. No grupo. Talvez se todos pensassem assim, teríamos um mundo menos egoista.

E possivelmente um mundo com líderes de verdade.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Kiwi e Saudade

Saudade: Recordação suave e melancólica de pessoa ausente, local ou coisa distante, que se deseja voltar a ver ou possuir.
Saudade... da minha amiga.

Kiwi: Fruta, animal, ou pessoa.
Kiwi... é a minha amiga.

Um ano. Era o tempo que ela iria ficar distante. Distante é pouco, porque a Nova Zelandia é um poquinho mais do que distante. Ok, é basicamente do outro lado do mundo, e ser separada de uma pessoa, uma amiga tão importante para ti por tanta distância e tanto tempo é, bem, cruel. Mas tinha certeza de que quando passasse, todos diríamos: "nossa, como passou rápido!", mesmo que os dias tivessem se arrastado e o relógio não andasse.

Hoje eu a revi. Foi tudo. Tinhamos 365 dias de novidades para contar e 365 dias de saudade para matar. Por um lado foi engraçado; ainda tinhamos os mesmos assuntos, fofocávamos sobre as mesmas pessoas e nossos gostos eram muito parecidos. Nada havia mudado, afinal. Ela havia ganho um ano de experiência em um país completamente diferente. Eu havia ganho um ano de experiência sobre como controlar a saudade. Nos divertimos até confundindo pobre criancinhas dizendo que meu nome é Julia e o dela é... bem, Júlia (a criança não aceitou aquilo muito bem e achou que nós estávamos tentando enganá-la).

Depois de tudo isso, tenho: uma amiga Kiwi (neozelandeses também são conhecidos como Kiwis) e um chaveiro do animal Kiwi (sim, esse animal existe, procurem no google. Meu namorado diz que parece uma galinha, mas não é verdade).

Só faltou a fruta.
Ju (L)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Resenha Crítica: "Um Best Seller para Chamar de Meu"



Esse foi o primeiro livro de Marian Keyes que eu li. Já havia ouvido falar centenas de vezes de seus livros, mas apenas quando minha mãe comprou (para ela mesma, e não para mim) surgiu uma oportunidade de ler.

Marian Keyes, a autora, se formou em Direito. Trabalhou como garçonete, enquanto lutava contra seu vício do alcoolismo e até uma tentativa de suicído. Depois de vencer essa parte de sua vida, começou a trabalhar como autora de romances, tendo muito sucesso.

No livro, Gemma, uma organizadora de eventos, tem sua vida virada de cabeça para baixo quando seu pai, depois de muitos anos de casamento, larga sua mãe e vai viver com uma mulher apenas um pouco mais velha que ela própria. Ainda por cima, vê sua ex-amiga Lily dona de um livro de sucesso. Além de ter roubado o homem de sua vida, Lily vai roubar seu sonho de ser escritora?

Jojo é agente literária, selecionando livros e os mandando para editoras. Ela é a agente de Lily, e acaba aceitando também um livro de Gemma. Ainda por cima, tem um caso com seu chefe, Mark (ele é casado e tem duas filhas), o que pode arruinar suas chances de se tornar sócia da empresa.

Lily e Anton estão tentando arranjar dinheiro para conseguir viver, quando Lily sofre um assalto, grávida. Depois desse terrível ocorrido, ela se sente inspirada para escrever um livro. Algum tempo depois, o livro é um sucesso de vendas. Porém, ter de conviver com a culpa de ter roubado o homem que Gemma amava e ainda ama, é demais para ela.

O livro anda intercalando narrativas das três personagens, assim conhecemos a vida e o estado de cada uma delas. Aos poucos, elas vão entrando uma na vida da outra de formas diferentes. Não tinha muitas expectativas com o livro; li apenas porque tive a oportunidade. Porém, me surpreendi. É um ótimo livro para desopilar, além de que em vários momentos você se sente tão próximo dos personagens que começa a torcer por eles. Pode parecer um livro extenso (são mais de 700 páginas), principalmente para um Chick-Lit, mas você nem vê as páginas passando. Ao terminar o livro, as 4 da manhã, queria mais.

Nota: 5/5. Pode não ser um livro muito profundo, mas é ótimo para quem quer relaxar lendo um bom livro.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Mande Vinícius de Moraes pastar

Dizem que beleza é fundamental.

Quem disse? Os poetas. Os pensadores. Os músicos. Os escritores. Os famosos. Os normais, como eu e você. A verdade é: todo mundo concorda que beleza é, sim, fundamental. Mas fundamental para que?

Quer passar no vestibular? Beleza não é importante. Quer ir bem na escola? Beleza nunca teve nada a ver com isso. Quer escrever um livro? Pff, a menos que sair bonito na contracapa de seu livro seja essencial para você, ser bonito não importa. Se você me disser que quer ser modelo, bom, aí sim tenho de concordar que beleza é fundamental.

Agora, tirando esses casos egocêntricos e narcisistas (ok, vou tentar não generalizar, desculpe), podemos chegar a conclusão de que quem disse "beleza é fundamental" está errado. Dane-se Vinícius de Moraes. Quero dizer, aí está um exemplo: outro feioso exigindo beleza, que se deu muito bem na vida. Sem ser lindo.

O que eu quero dizer é: pare de se lamuriar, afundado na tristeza de não ser bonito, e vá viver um pouco. Tenho certeza absolutíssima de que a última coisa que vai te impedir de viver, é a beleza.

Ou a falta dela.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Um guarda chuva amarelo

Tem gente que precisa ser diferente.

Não faz o que os outros fazem, porque assim iria chamar atenção ("imagina, eu? Querendo chamar atenção?"), mas assim que pode está em outro escândalo protestando contra qualquer bobagem que pareça ser, bom, diferente. E assim, consegue toda a atenção que queria inicialmente ("espera aí, eu nunca disse que queria atenção!"), e com um bônus: sendo diferente! Oh, joy.

É o mais indie dos indies. Gosta de ler os livros que não saem das prateleiras das livrarias, pois ninguém quer. Ridiculariza os outros por sua "falta de cultura". Fuma e bebe (mas é claro, sem chamar atenção). Vive brigando com os pais desnecessariamente. Chora no meio da aula por alguma tragédia de sua vida pessoal, ou não. Se não chora, não chora nunca. É durão, forte, mas no fundo um imaturo. A única coisa que importa é ser o guarda-chuva amarelo no meio dos pretos.

Um dia vai perceber que querendo ser tão diferente, tu acaba sendo igual.

A história dos 1000 pares de sapato

Não vou mentir. Admito que eu sempre quero alguma(s) coisas. Atormento minha mãe pra conseguir mais dinheiro, dou mil motivos para ela de porque eu mereço a tal coisa, enfim, tento com muito afinco conseguir o que é, com certeza, essencial para mim. Ela está certa quando diz que, se fosse atender todos os meus pedidos, nós já estaríamos pobres (por deus, que ela não leia isso).

Por outro lado, sei, tenho certeza absolutíssima, que o meu caso não é o pior. Convivo com pessoas que vivem para mostrar suas coisas novas. Na minha aula de teatro, toda a sexta-feira a C. mostrava o que tinha de novo. Fui colega dela por um ano, e ela sempre teve jóias, sapatos, blusas, brilhos, maquiagens; enfim. Tudo novo. Era espantoso, porque toda a semana, ela chegava com uma nova variação de algo que ela já tinha. Geralmente era um colar, uma pulseira (com muito brilho, assim que ela gostava). Algumas das minhas colegas tinham inveja dela, mas eu acho que é desespero.

Outra situação: uma mulher aqui da minha cidade, que não usa a mesma roupa duas vezes. O closet dela é do tamanho da sala da minha casa, e se eu disser que ela tem mais de 1.000 pares de sapato não vou estar mentindo. Mas essa mulher, vou chamá-la de F (fulana), é amiga da S. A S, sempre que sai com ela, a proíbe de comprar um sapato novo. Pergunta se ela realmente precisa daquilo, e diz que ela já tem um muito parecido. O marido da F já disse: desde que ela começou a sair com a S, gastou muito menos. A F diz que a S é diferente: sua única amiga que não estimula a compra. Agora, vejam só. Todas as suas amigas a influenciam a ter coisas que sabem que são desnecessãrias, mas que querem ter, comprar, usar.

Todos somos um pouco consumistas. Alguns de nós sabem como controlar, outros não. Alguns encontram alguém para ajudar, alguns só encontram a sociedade, pressionando cada vez mais uma nova compra.

Sou jovem, e tenho uma mente consumista. Tenho certeza. Sempre quero algo. Mas devo ser uma consumista consciente (ou pobre), porque a maior parte de meus sonhos de consumo terminam lá em suas prateleiras, dentro da loja.

Melhor assim.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O título de melhor amiga

Nunca pude me queixar de ter poucos amigos. Certo, também nunca tive muitos, mas dizer que não tinha seria mentira. Tive amigas de todos os tipos, e uma delas era a "melhor amiga" típica de quando nós somos mais novos, acredito eu.

Deixa eu explicar: sempre fui amiga da R, S, e da K. Desde os 2 anos. E elas sempre ocuparam um posto importante em questão de amizade na minha vida. Aí, apareceu a F (F de Fulana). Ela se tornou uma grande amiga para mim: nós sempre brigávamos, até por motivos ridículos, mas ela não deixava de ser importante. Ela tinha um problema. Precisava que eu dissesse para ela, umas cinco vezes por dia, que ela era minha melhor amiga. Porque, vejam bem, ela TINHA que ser minha melhor amiga. Mande a R, a S e até a K pastarem. A F tinha que ser a mais especial e única com esse título.

Eu sabia que isso era ridículo. Que não precisava provar minha amizade. Mas ela também ficava chateada se eu dissesse ter várias melhores amigas. Então, eu dizia que era ela. Ela ficava feliz, e a história terminava por aí (até que ela fizesse essa pergunta fatídica de novo). Hoje, dois anos depois, mal falo com ela.

Agora, onde eu quero chegar com essa história? Sim, eu acho que existem melhores amigos. Quer dizer, a existência deles, para mim, é bem real. Aquelas três, citadas no começo do texto, que apareceram 12 anos atrás na minha vida, são amigas. Porque elas são as melhores? É simples. Porque em toda a minha vida, elas foram as amigas que me deram apoio, que me fizeram cair na real, que tinham consciência dos meus defeitos mas nunca disseram que eu precisava mudar.

"Melhor amiga" não é um título para ser exibido para o mundo inteiro. Não é algo exclusivo. Melhor amiga é, bom, aquela amiga que você sabe que vai estar lá. Elas estiveram lá por mim nos últimos 12 anos. Não posso prever o futuro, e nem quero. São minhas melhores amigas: nunca precisaram que eu dissesse isso para elas. Do mesmo jeito que elas nunca precisaram me dizer isso.

Elas só... são.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Fanatismo e afins

Era inverno.

A terceira semana de julho, e acho que era uma sexta feira, para ser exata. 2008.

Estava de férias, em uma cidade que posso chamar de segunda casa: Gramado. Não consegui me conter, e tive de ir na livraria. Era daquelas bem aconchegantes: pessoas bebendo chocolate quente na entrada, o chão de madeira e livros abarrotados por aí. Me dirigi a vendedora: "Acho que o nome é Toillet." Ok, certamente era um nome estranho. Ela me deu em mãos um Twilight. "Crepúsculo. Deve ser este que tu procuras." Dei de ombros. Nem sabia da história do livro. Só havia ouvido falar. Possivelmente falava sobre vampiros os algo assim. Só sei que a capa era linda. Não me entenda mal, sempre julguei livros pela capa, e isso sempre me levou a ótimas leituras. Voltei para casa e, alheia ao mundo ao meu redor, comecei a leitura. As cinco da manhã parei de ler: havia terminado o livro.

Essa leitura desencadeou um fanatismo que eu não esperava. Em uma semana havia lido o resto da coleção (menos o último, que ainda não havia sido lançado naquela época). Foi uma época ótima para mim, pois conheci pessoas que hoje são grandes amigas, e uma certeza que tenho é que terei grandes histórias para contar para, bem, quem quiser ouvir.

Foi bom enquanto era exclusivo. Enquanto eu conseguia olhar no rosto das pessoas e dizer quem já havia lido o livro.

Não sei como aconteceu. Só sei que em um segundo era tudo para mim, e no próximo não importava mais.

Acredito ter aprendido algumas coisas realmente importantes com isso. Fanatismo? É ótimo pra quem vive apaixonada, e ridículo para quem olha de fora.

Vivam, sei lá. Parem de caçar posers. Parem de exibir seus itens de colecionador ou seja-lá-o-que-vocês-tem de seus ídolos. A um ano e meio atrás, eu iria querer apedrejar quem escreveu esse texto cheio de calúnias e difamações.

Hoje eu sei que não tem como tirar lições pelo que os outros contam. Um dia acontece contigo e tu entende.

(PS.: Esse texto não tem objetivo de ofender ninguém, nem de dar lição de moral. Só estou compartilhando um pouco do que vivi. Se você se sentiu ofendido... sugiro que pense um pouco sobre se o seu grau de fanatismo é saudável.)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ler ler ler ler ler ler ler

Férias.

Alguns vivem no tédio, pensando em coisas novas para fazer.
Outros vivem correndo, tentando arranjar tempo para coisas novas.

Para mim, dizer que não tem tempo pra tal coisa, nas férias, é a desculpa mais esfarrapada do universo. Quero dizer, dois meses em que as únicas coisas que teus pais irão te obrigar a fazer são comer e dormir (ou nem isso), dizer que não tem tempo é desculpa. Arranjem um tempo (e eu sei que com algum esforço vocês vão conseguir) para ler um livro. Ok, eu não vou ser a chata que obriga vocês a fazerem isso nas férias, mas eu vou ser a chata, sim, que vai dizer lhes avisar que um livro pode trazer diversão, colocando um pouco mais de conhecimento nessas cabecinhas ocas e tontas por causa da insolação (decorrente das 12353154 horas que você passou na praia sem protetor solar).

Não, mas agora, falando sério. Com tempo, sem tempo, leiam um livro. Interrompa sua existência durante algumas horas ou minutos para viver uma outra história. Não deixem os livros se acumularem em suas mesas de cabeceira, não dêem tempo para eles ficarem parados. Leiam leiam leiam leiam leiam leiam.

Quando as férias terminarem, e junto com elas sua insolação for embora, você vai perceber que valeu a pena. Ler.