quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Três casos

O cabelo dela ia até a cintura. Magra, quase esquelética. Alta. Ela gostava de passar o dia brincando com jogos. Quando perguntavam porque ela nunca tinha beijado, ela dizia: porque não tenho vontade. O quarto dela era cheio dos jogos que ela gostava, talvez tivesse até alguns dos ursos de pelúcia dos quais ela nunca conseguiu se separar.

O cabelo dele também era comprido. Para um menino, pelo menos. Até os ombros, talvez. Cheio de nós. Ele não era esquelético, bem pelo contrario. Um dos motivos para as pessoas "tirarem" com ele era seu peso. Ele gostava de passar o recreio lendo, no canteiro da escola. Rolavam boatos que ele cantava ópera.

A outra, não era gorda. Talvez tivesse tido uma fase mais cheinha, mas gorda não era. Seu quarto era rosa, e tinha vários corações espalhados pelos móveis. Gostava de Disney e essas coisas. Vestia as roupas que queria.

Três pessoas. Não são iguais, mas porque seriam diferentes? Três pessoas que poderiam olhar para você e falar muito bem sobre o bullying. Três vítimas.

A primeira, vejam bem, não tinha absolutamente nada de errado. Ninguém sabe porque ela nunca saiu da escola, pois teria inúmeros motivos. Era intimidada constantemente por colegas. Colegas que aprontavam, por sinal. Parece que esses colegas não tinham a mínima noção do mal que faziam a ela. Ou pior: sabiam o que faziam, mas nunca se envergonharam disso. Sabe, eu admiro ela. Por sua postura. Seus pais vivem desesperados para livrá-la do bullying. Ela tem uma postura meio "foda-se". Decidiu viver do seu jeito, e se os outros não gostam, o problema é deles. O único porém, é que eles fizeram disso o problema dela também.

O menino não tinha mãe. Era, sim, uma pessoa completamente diferente dos outros de sua idade, por seus gostos. Já havia estudado em quase todas as escolas de sua cidade, tentando fugir do mal que, poderia se dizer, o perseguia. Nunca conseguiu. Faz algum tempo que ele está fixo em sua escola, e o bullying não passou. A diferença é que ele encontrou um amigo.

A terceira foi vítima de bullying, sim. Não tem como negar. Quem nunca sofreu bullying, afinal? Mas então, pararam. Ninguém sabe o que mudou, mas os apelidos maldosos nunca mais foram ouvidos. Mas ela continua sendo "a coitadinha". Porque? Simplesmente porque ela gosta dessa posição. A posição de vítima. Ela tornou seu estado permanente, deixou pessoas compadecidas, e depois com nojo. Uma vez ela chegou a admitir que o que ela queria era chamar atenção.

Três casos que começaram de formas diferentes e tiveram todo seu desenvolvimento diferente. Essas pessoas vivem de formas diferentes. Reagiram de formas diferentes ao bullying. Mas lutaram. Então, não quero cair na mesmice ao falar isso. Não queria ser a pessoa que vai repetir o que você já ouviu um milhão de vezes. Mas vou. Porque enquanto as pessoas não mudarem, ainda haverá motivos para falarem.

Chega de bullying.

6 comentários:

  1. uaau, q texto COOL :)
    vc escreve bem!

    vai la no meu blog? *-*
    http://veryeverygirl.blogspot.com/

    bjs :*

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  2. Você escreve muito bem. Seu texto deu uma abordagem diferente a este tema e vc conseguiu falar tudo o que estava proposto.Parabéns e boa sorte no Bk!

    É muito bom encontrar outras pessoas que gostam de escrever. Estou te seguindo*

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  3. Adorei o texto, você abordou de uma forma completamente diferente. Sim o bullying é horrível e sempre vamos ter que repetir coisas que já foram faladas milhões de vezes. Chega de bullying.
    Beijão!

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  4. Ah, sim, obrigada pela dica. Acontece que eu não sei mexer em html e não conheço ninguém que possa fazer isso pra mim...

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  5. É ridículo ver algumas pessoas sndo agredidas só por serem diferentes. Elas deveriam é ser admiradas, por se destacarem, por fazerem a diferença na mesmice.

    Eu nunca fui o padrão e todos os meus anos de estudante foram péssimos. É muito difícil quando a diferença está dentro da gente, não dá pra mudar! Pessoas que se aproveitam da fraqueza do próximo pra humilhar são desprezíveis. E eu as odeio!

    ^^
    Gostei muito do texto!

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