quinta-feira, 3 de março de 2011

Memórias

Sempre achei que a pior doença de todas é o Alzheimer. Claro, não conheço todas as doenças do mundo e também nunca passei por dores relacionadas a elas, então a mim só cabe imaginar o sofrimento pelo qual elas podem te fazer passar. Também nunca sofri de Alzheimer e nunca tive nenhum parente próximo que sofreu. Para ser bem sincera, não conheço ninguém que tenha tido esse mal.

Desde pequena eu acredito que tudo que temos são nossas lembranças. Tenho certeza que parece clichê, mas de que vale... bem, de que vale absolutamente todos os bens materiais e psicológicos que temos durante toda nossa vida se um dia tudo será esquecido? Por isso sempre tive medo de perder a memória. Perderia todas as minhas alegrias, minhas decepções, e minhas dores, que não foram menos importantes do que os momentos felizes.

Não sei como iria viver com a presença do Alzheimer em minha vida. Imagino se alguém muito próximo de mim sofresse desse problema; eu veria passo a passo a doença se desenvolver. Poderia ver de primeira mão como alguém não se lembra do dia em que estamos e, algum tempo depois, não lembra das pessoas com quem conviveu durante toda a vida. É uma doença triste, essa. Não há a dor física presente em milhares de doenças horríveis das quais ouvimos falar todos os dias, mas há a dor psicológica. É uma doença que não apenas machuca quem a vive, como também quem a presencia.

Algumas coisas são inevitáveis. O destino, ou seja lá o que for, coloca coisas em nossa frente, sejam elas boas ou ruins. Para o meu destino, só peço uma coisa: não leve minhas lembranças, pois elas são tudo que tenho.

6 comentários:

  1. Concordo com você Julia. O pior é que a pessoa nem sabe o que está acontecendo com ela, simplesmente vai esquecendo, e esquecendo... De ser horrivel.

    Boa sorte!

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  2. Acho que a própria pessoa não deva sofrer tanto, mas para as pessoas de quem ela esquece e que a vêem perdendo algo tão importante deve ser muito triste.

    Pra mim as piores doenças são as que fazem as pessoa perderem a dignidade.

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  3. Esquecer é bom sim, mas só quando temos a opção de decidir se queremos tentar ou não esquecer de alguma coisa.
    Uma doença dessas, deve ser no mínimo enlouquecedora.

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  4. Lindo o post, Júlia. Realmente, eu também tenho pavor dessa doença, de tê-la ou de que alguém que eu amo a tenha. Deve ser horrível se sentir esquecendo das lembranças e das pessoas que ama, assim como deve doer alguém que você ama simplesmente chegar num momento onde ele não sabe quem você é. =P

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  5. Seu post está mais que ótimo! O primeiro lugar no Blorkutando foi merecido, parabéns!

    Minha bisavó tem mais de 80 anos (não sei ao certo a idade dela) e faz um tempo que ela sofre de Alzheimer. É muito triste mesmo ver a evolução dessa doença. Ela não lembra mais de mim, dos netos e nem de alguns filhos. Sempre alguém tem que estar cuidando dela, pois ela não confunde apenas as pessoas, mas esquece horários de remédios e acaba tomando mais uma dose por dia, o que é perigoso. Por saber o quanto é sofrido essa doença, também temo de tê-la algum dia. Dizem que quem exercita o cérebro tem menos chances de sofrer com o esquecimento na velhice, mas vai saber... tomara que seja verdade.

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  6. Só pense o que é desconhecer seus pais e amigos. Horrível, não? Também não sei como deve ser/ou ter alguém com essa doença. >____<. Mas, já li sobre...E não é bom.
    Ei, te sigo.
    /o/
    Depois volto....!

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