terça-feira, 11 de maio de 2010

O Show de... Julia?


Quando eu era criança, tinha um problema sério. Tão sério que alguns anos depois que problema já havia deixado de ser de fato um problema, cheguei a conversar com outras pessoas sobre isso, e para minha surpresa encontrei inúmeros indivíduos com a mesma paranóia que eu tinha. Bem, deixe-me explicar. Alguém já viu “O Show de Truman”? Nesse filme, Truman (um homem comum como você) descobre um dia que toda a sua vida não passa de um programa de televisão: seus amigos, sua família e todas as pessoas ao seu redor são atores contratados para criar... A vida de Truman. O show de Truman.

E esse era meu problema: eu acreditava piamente em ser protagonista de algum tipo de produção esquisita que escondia câmeras em minha casa e ditava cada palavra que os outros deveriam dizer. Realmente é um pensamento assustador para uma criança de seis anos. Hoje em dia (tendo perdido este medo) penso se não é uma característica extremamente narcisista e típica em crianças.

Digo narcisista de uma forma moderada e inocente, é obvio. Quando criança, nós não temos a mínima noção do mundo ao nosso redor. Sabemos que o Japão é muito longe e que o planeta é muito grande, mas só. Não vemos nada além de nosso próprio umbigo (o que nos levar a acreditar que somos protagonistas de uma produção megalomaníaca e afins). É claro que não estou criticando esse comportamento infantil, e seria boba se estivesse. São crianças. Mas é interessante conseguir entender como elas pensam, como eu um dia pensei. Desvendar o mistério por trás dos meus antigos sentimentos e vontades.

Nascemos e vivemos por um longo tempo acreditando em um mundo minúsculo. Apenas dando importância ao que podemos ver. Apenas dando importância a nós mesmos (vamos combinar que crianças são egocêntricas de uma forma muito inocente). Crescemos e começamos a tomar conhecimento do tamanho de nosso planeta, da quantidade de pessoas e de vidas que habitam aqui, junto de nós. É aí que os caminhos começam a se ramificar, e podemos ver os que têm ambição de fazer alguma diferença, deixar sua marca, e os que continuam olhando para o próprio umbigo (mas esse é um assunto extenso que eu deixo para outra hora).

Crescemos. Não encontramos câmeras escondidas na gaveta de meias ou dentro do pote de sucrilhos, e acabamos percebendo que talvez “O Show de Truman” não passe de um filme.

Só imagino como seria se continuássemos procurando pelas câmeras depois que a inocência infantil se foi. A única coisa que sei é que um termo muito superior à “narcisista” teria de ser inventado para descrever o lugar onde vivemos. Graças a deus crescemos.

2 comentários:

  1. Eu nunca vi esse filme, deve ser muito interessante. Que loucura! Adorei o texto *-*

    Selinho lá no blog pra você :D
    xx

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  2. ooi, eu adoro o seu blog, daí resolvi passar aqui pra te dar o selo Dardos. pra ver como funciona é só entrar no meu blog e ler o post (:

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